3 de julho – Um dia que ficará na história
Na vida dos caminhoneiros, cada curva pode ser uma lição, e cada viagem, uma história. Nesta crônica emocionante e verdadeira, um caminhoneiro experiente compartilha o susto que viveu na BR-163, no trecho conhecido como Curva do Rio Cristalino, no Pará. O episódio aconteceu justamente no dia do aniversário de sua esposa, transformando um momento de rotina em reflexão sobre amor, fé, família e o milagre da vida.
Hoje, a resenha começa diferente… quase fui notícia.
E justo hoje, 3 de julho, aniversário da minha companheira de vida, minha esposa Andreia.
Você já viu algum daqueles filmes em que o personagem, num piscar de olhos, vê a própria vida passar como se fossem cenas de um longa-metragem? Pois é. Hoje foi mais ou menos assim.
A estrada estava tranquila. Eu seguia pela BR-163, altura do KM 50, ali na famosa curva do Rio Cristalino, no Pará. Quem é da lida conhece. Curva traiçoeira, dessas que a gente respeita com os dois pés.
De repente, dois caminhões vindo forte. Olhei no retrovisor. Um deles se escondia atrás do outro, quase camuflado na traseira. A adrenalina subiu no ato. Reduzi. Me posicionei. Já estava no acostamento, mas ainda em movimento. Eu sabia: se ele surgisse de uma vez, ia dar ruim. E deu quase.
Eu estava a uns 90 por hora… talvez menos. E o cara? Devia estar com o pé colado no acelerador. Quando ele passou, senti o vento cortar, como se rasgasse o tempo. O barulho, o impacto imaginário, o quase…
Foi por pouco. Por muito pouco.
Quando o susto passou, a primeira coisa que pensei foi: preciso falar com a Andreia. Com a minha esposa, com minha família, com quem me ama e quem eu amo.
Chorei. Acredita? Chorei dirigindo. Lágrimas silenciosas, que escorrem sem fazer alarde. E o pior é que naquele trecho… nada de sinal, nenhuma torre. Nem pra ligar, nem pra mandar áudio, nem pra pedir socorro espiritual.
Na adrenalina, peguei o rádio e mandei pro colega do outro caminhão que estava no canal:
“Rapaz, vou fazer uma oração pra que o capeta venha te buscar, mas só você, viu? Só você…”
Sim, foi no calor da raiva. Talvez eu tenha exagerado, mas quem vive na estrada sabe: o medo e a fúria andam lado a lado.
Chegando em Guarantã do Norte, finalmente consegui ligar pra Andreia.
“Amor… quase estraguei teu aniversário.”
E contei tudo. Ela ficou paralisada, sem reação. Só ouvindo.
Liguei pro meu primo Canela e falei direto:
“Você é muito importante pra mim. Eu te amo.”
Porque é isso… a gente que vive na boleia sabe: cada chegada é um milagre, cada curva vencida é um agradecimento.
No final da viagem, coloquei o Salmo 91 na voz do Cid Moreira. Aquela entonação que parece que Deus mesmo está lendo pra gente.
E fiquei ali, refletindo… como Deus é grande. Como Nossa Senhora é generosa.
Como a estrada ensina, às vezes com sustos, às vezes com fé.

? Salmo 91 (trecho final da reflexão):
“Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará. Ele te cobrirá com as Suas penas, e debaixo das Suas asas estarás seguro; a Sua verdade será o teu escudo e broquel…”
? Obrigado, meu Deus, por mais um livramento.
E feliz aniversário, Andreia. Por pouco você não teria que comemorar esse dia só em memória.

3 de julho – 3 de julho
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