A trajetória de Georg Paul Junker: arte, publicidade e legado

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A trajetória
Foto: divulgação
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Ele foi o criador da campanha publicitária do centenário de Jaraguá do Sul, em 1976

(Entrevista | Por Ademir Pfiffer)

Em uma conversa reveladora (entrevista online), organizada pelo historiador Ademir Pfiffer e mediada por Jones Junker, Alexandre Junker compartilha a notável jornada de seu pai, Georg Paul Junker, uma figura icônica na publicidade de Santa Catarina entre as décadas de 1970 e 1990. A entrevista traça a trajetória de Junker desde suas raízes em Ituporanga e Rio do Sul, onde seu talento para as artes emergiu precocemente, até sua ascensão como líder da Alexandre Jones Publicidade, uma das agências mais proeminentes do estado.


Georg Paul Junker foi o responsável pela criação do monumento em formato de obelisco do Centenário de Jaraguá do Sul, um marco que, apesar de sua importância histórica e artística, permaneceu por meio século sem o devido reconhecimento na história da cidade. Localizado na antiga Rua Joinville, atual Waldemar Grubba, no bairro Vila Lalau, este obelisco é uma representação da arte criativa e afetiva de Junker. Este texto busca resgatar e homenagear a contribuição desse personagem fundamental, além de reconhecer a importância do então prefeito Eugênio Strebe e da Scar como integrantes da Comissão Organizadora do Centenário de Jaraguá do Sul, um evento que moldou parte da identidade local.

CDL

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Ademir Pfiffer — Alexandre, quem foi Georg Paul Junker no cenário da propaganda em Santa Catarina?
Alexandre Junker — Georg Paul Junker foi um dos nomes mais emblemáticos da propaganda e publicidade em Santa Catarina, especialmente nas décadas de 70, 80 e 90. Ele liderou a Alexandre Jones Publicidade, uma das maiores e mais bem estruturadas agências do Estado naquele período.

Pfiffer — Ele nasceu em Santa Catarina?
Alexandre — Sim. Meu pai era catarinense, descendente de alemães. Seus pais eram Richard Junker e Maria Bathke Junker. Ele nasceu em Ituporanga, no dia 1º de julho de 1946, e foi criado em Rio do Sul. Seu avô veio de Düsseldorf, na Alemanha, estabelecendo-se em Ibirama, onde foram assentados na Colônia Hamônia. O casamento do avô ocorreu em Ituporanga.

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Pfiffer — Como surgiu o interesse dele pelas artes?
Alexandre — Na adolescência, ele já demonstrava um talento nato para desenho e artes plásticas. Quando jovem, a família se mudou para Caçador, no oeste do Estado. Foi lá que, aos 17 anos, ele ganhou seu primeiro prêmio, vencendo um concurso municipal de desenho artístico. Esse momento marcou o início da sua carreira autodidata. Ele sempre buscou o aperfeiçoamento, com uma visão muito perfeccionista e ao mesmo tempo visionária.

Pfiffer — Quando Blumenau entrou na vida de Georg?
Alexandre — Foi no início dos anos 1970. Naquela época, a língua alemã ainda era comum nas ruas e nos negócios da cidade. Ele começou no setor de criação da Gráfica 43 e, em meados daquela década, decidiu empreender o sonho de sua própria agência de comunicação. Montou uma equipe completa: criação, estúdio fotográfico com sala de revelação, arte-finalistas, setores comercial e administrativo, tudo funcionando numa linda casa enxaimel de três andares no centro de Blumenau.

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Pfiffer — Georg Paul Junker teve um time expressivo?
Alexandre — Sem dúvida. Entre os nomes que me vêm à lembrança estão Waltério Gonçalves, Telomar Florêncio, Mauro Sievert, Ney, Paulo Porcher, Curt Nees, além das parcerias com Lindolf Bell, Horácio Braun, Cao Hering e muitos outros. Era um verdadeiro time de vanguarda. Naquela época, o marketing ainda desabrochava, e tudo exigia muito talento artístico e, muitas vezes, uma verdadeira engenharia e “pirotecnia” para executar os projetos — algo que hoje, com os recursos digitais, ficou mais simples.

Pfiffer — E ele atuou além da publicidade?
Alexandre — Sim. Ele foi responsável por criar e gerenciar toda a decoração natalina oficial de Blumenau durante quatro anos seguidos. Isso lhe deu tanto reconhecimento que acabou sendo convidado a fazer o mesmo em Franca, São Paulo.

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Pfiffer — Um dos marcos da Georg Paul Junker foi a campanha do Centenário de Jaraguá do Sul, correto?
Alexandre — Exatamente. A campanha de 1976 foi idealizada por ele do início ao fim. Englobava desde a criação da logomarca até peças gráficas com identidade visual — cartões, folders, cartazes, outdoors — além de roteiros, redação publicitária, materiais audiovisuais e o projeto do pórtico comemorativo que permanece até hoje em uma praça da cidade.

Flávio José Brugnago | Observa +

Pfiffer — Georg também teve relação com Beto Carrero?
Alexandre — Teve, sim. Ele atuou no setor de criação da JBA Murad, uma empresa de comunicação com sede em São Paulo e filiais no Rio e em Blumenau, pertencente a João Batista Sérgio Murad, o Beto Carrero. Lá, criou campanhas para grandes marcas da região, como Hering, Sulfabril, Karsten, Buettner, Teka, Cristais Hering, Cristalerie Strauss, entre outras. Essas campanhas eram exibidas nacionalmente no programa Os Trapalhões, na Globo. O Beto Carrero era empresário do grupo e detinha o horário comercial do programa.

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Pfiffer — Em algum momento ele mudou o foco?
Alexandre — Sim, por volta dos anos 80, ele se mudou para Balneário Camboriú. Lá, além da agência, concretizou um outro sonho: abriu e gerenciou um restaurante-bar temático, que se tornou um ponto icônico da cidade, especialmente entre os jovens.

Pfiffer — E a agência seguiu por lá?
Alexandre — Sim. E foi nos anos 90 que eu e meu irmão, Jones, entramos para o time. Nossa mãe é a Ilda Maria Junker, com quem meu pai se casou em 28 de janeiro de 1967. Foi de nós, ainda crianças, que surgiu o nome da agência: Alexandre Jones Publicidade. Na fase adulta, passamos a trabalhar com ele, especialmente atendendo o setor turístico e da construção civil em Balneário. Criamos materiais gráficos de alta qualidade, inclusive uma revista especializada em turismo, o que também ajudou a impulsionar a cidade como destino turístico.

Pfiffer — E como foi a fase final da carreira dele?
Alexandre — Meu pai encerrou sua carreira na publicidade em meados dos anos 2000. Depois disso, se dedicou exclusivamente às artes plásticas, algo que sempre foi sua paixão. Pintou inúmeras telas, todas carregadas de personalidade, sensibilidade e perfeccionismo. Era um artista completo — um homem bom, íntegro, com um olhar sensível e muito à frente do seu tempo.

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Pfiffer — Quando ele faleceu?
Alexandre — Ele faleceu no dia 3 de maio de 2013, aos 67 anos.


A vida e obra de Georg Paul Junker são um testemunho da paixão, dedicação e visão que podem moldar um setor inteiro. Sua capacidade de antecipar tendências e de formar equipes de ponta em um cenário em constante evolução, como o da publicidade nas décadas de 70 a 90, é verdadeiramente inspiradora. A relevância de seu legado é particularmente evidente em Jaraguá do Sul, onde o obelisco do Centenário, fruto de sua mente criativa, serve como um lembrete físico de sua contribuição, mesmo que sua história tenha permanecido por muito tempo sem o reconhecimento merecido.


A transição de Georg para as artes plásticas em seus últimos anos revela um espírito inquieto e a busca incessante pela expressão criativa. Seu legado vai além das campanhas publicitárias e projetos monumentais; ele reside na marca que deixou em Santa Catarina, no impacto que teve na vida daqueles que o cercaram e foram influenciados por seu talento, e na história que agora, graças a esse resgate, pode ser plenamente contada. A importância de valorizar e eternizar a memória de figuras como Georg Paul Junker é crucial para compreendermos a própria construção da identidade de cidades como Jaraguá do Sul.

Exclusivo para o Jornal do Vale do Itapocu e Portal Observamais

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