No dia 25 de outubro de 1946, poucos meses após o fim da Segunda Guerra Mundial, nascia em Rio dos Cedros — à época denominada Arrozeira —, em Santa Catarina, Aleixo Trombelli, filho de Luiz e Arélia Poffo Trombelli. Sua infância transcorreria em meio à paisagem rural de uma comunidade multicultural, onde conviviam descendentes de alemães e italianos, imersos em valores familiares, religiosos e comunitários.
Sua alfabetização deu-se na Escola Reunida Gilette Conceição (atual EEB João XXIII), instituição então sob a tutela das religiosas católicas. Recebeu instrução inicial das irmãs Helena Jacinto da Silva, Iraci Elália Soares e Rosa Ferlla¹. Com base sólida, seguiu para o Seminário Diocesano de Salete, conforme o costume de muitas famílias católicas que viam na vida seminarística uma formação ética e intelectual diferenciada.
Posteriormente, entre 1958 e 1964, concluiu o Ensino Médio na cidade de Ascurra (SC), e, em sua contínua busca pelo saber, completou o curso Clássico-Científico em Filosofia sob orientação dos salesianos, vinculado à Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre (PUC-RS). Obteve o título superior em Letras pela UNIPLAC, de Lages (SC), e finalizou sua formação com uma pós-graduação promovida pela Universidade Federal do Paraná, em sua unidade descentralizada de Joinville.
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Atendeu ao chamado do dever cívico ao servir no 23º Batalhão de Infantaria de Blumenau, de 1968 a 1973. No entanto, seria no magistério que Aleixo deixaria seu maior legado.
Em 31 de janeiro de 1978, uniu-se em matrimônio com Cecília Demarchi, em Presidente Getúlio (SC), em celebração conduzida pelo Padre Ivo Poffo. Dessa sólida união, nasceram os filhos Adriana, Andressa e Alex — frutos de uma vida guiada pela ternura, ética e dedicação familiar.
Exerceu à docência nas disciplinas de Língua Portuguesa e Inglês em distintos colégios estaduais, entre os quais se destacam: o Colégio Estadual “Orlando Bertoli”, em Presidente Getúlio (onde atuou de 1973 a 1980)²; o Colégio “João XXIII”; o Colégio “Clemente Pereira”, em José Boiteux³; e, de forma mais marcante, o Colégio “Miguel Couto”, no município de Schroeder⁴. Nesta última instituição, além de lecionar, foi eleito diretor em 1985 por meio de um processo democrático inédito na região, conduzido pelo então presidente da comissão eleitoral, professor Ademir Pfiffer, reforçando seu compromisso com os ideais de participação cidadã e gestão compartilhada.
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Sua atuação como gestor escolar foi marcada por uma firme intenção de transformar, desde dentro, as estruturas conservadoras então vigentes, promovendo nelas os ideais democráticos e o princípio da equidade. Em um depoimento emocionado concedido ao historiador Ademir Pfiffer, publicado em De Schröderstrasse a Schroeder: um capítulo através de fragmentos de memória e história teuto-brasileira, Aleixo Trombelli revelou com lucidez o impacto da educação no município de Schroeder e o papel decisivo que exerceu no processo de democratização da gestão escolar. Esse testemunho permanece como um documento valioso, símbolo de um período de transição política e renovação educacional em Santa Catarina.
Após encerrar sua função diretiva, retornou às salas de aula. Atuou também na Coordenadoria Regional da Educação durante o governo de Paulo Afonso Vieira (1995–1996), período em que se envolveu em projetos de reestruturação de mobiliário escolar e gestão da merenda nos municípios do Vale do Itapocu.
Mesmo após a aposentadoria, permaneceu intelectualmente ativo. Fundou a revista Eco Dimensão (1999–2000), com foco em questões ambientais na educação básica, embora o projeto tenha sido interrompido precocemente. Mais tarde, radicou-se em Itapema, onde continuou a ensinar Português em escola da rede municipal e a publicar crônicas e poesias em periódicos locais — sempre refletindo sua luta incansável por uma sociedade mais justa, consciente e sustentável.
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Faleceu no dia 23 de junho de 2025, em Itapema (SC), cidade onde residia e foi cremado. Com sua partida, a educação catarinense perdeu um de seus mais apaixonados defensores, cuja vida foi dedicada à promoção da cultura, da palavra e da consciência crítica.
Que a memória de Aleixo Trombelli permaneça viva nas salas de aula, nas bibliotecas, nos versos de suas poesias e, sobretudo, na alma de todos aqueles que um dia tiveram o privilégio de ouvi-lo ensinar.
Notas de rodapé
¹ A escola era então administrada por religiosas da Igreja Católica. Aleixo foi alfabetizado pelas irmãs Helena Jacinto da Silva, Iraci Elália Soares e Rosa Ferlla.
² No Colégio Estadual “Orlando Bertoli”, em Presidente Getúlio (SC), lecionou Inglês entre 1973 e 1980.
³ Colégio Estadual “Clemente Pereira”, localizado em José Boiteux (SC).
4 Colégio Estadual “Miguel Couto”, no município de Schroeder (SC), onde também foi diretor escolar.
Ademir Pfiffer – Historiador, para o Jornal do Vale do Itapocu/Portal ObservaMais
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