A generosidade é um traço profundo da identidade jaraguaense, presente desde os primeiros capítulos da história da cidade. Famílias pioneiras doaram terrenos para a construção de escolas, igrejas e hospitais. Um exemplo emblemático foi Georg Czerniewicz, que cedeu a área onde foi erguido o primeiro hospital do município, o Hospital Jaraguá, em solidariedade aos motoristas que transportavam doentes para cidades vizinhas. Esse gesto, motivado pela empatia e pelo desejo de servir à comunidade, ecoa até hoje nas ações de empresários, voluntários e instituições.
A cidade abriga uma rede ativa de entidades filantrópicas e culturais. A SCAR – Sociedade Cultura Artística foi fundada em 1956 pela pianista Adélia Fischer e seu marido Francisco, com o objetivo de reunir músicos locais em saraus e recitais.
Com o apoio da comunidade e de empresários como Dietrich e Rodolfo Hufenüssler, a SCAR cresceu e se transformou em um dos maiores centros culturais do Sul do Brasil. Dela nasceu o FEMUSC – Festival Internacional de Música de Santa Catarina, idealizado pelo maestro Alex Klein. Em 2025, o festival celebra 20 anos de história, reunindo músicos de mais de 27 países e promovendo mais de 200 apresentações gratuitas.
Na área da saúde, o Hospital São José é um símbolo da generosidade coletiva. Fundado em 1925, teve sua pedra fundamental lançada em 1926 e foi inaugurado em 1936 com apoio da comunidade e da Mitra Diocesana. Ao longo das décadas, passou por diversas ampliações e modernizações, sempre com o envolvimento de voluntários, religiosas e empresários locais. Em 2010, a gestão foi assumida pela Associação Hospitalar São José, formada por lideranças empresariais da cidade, que implementaram um modelo de governança moderno e sustentável.
Famílias como a de Ottilia Prim Schmitt, por exemplo, não apenas empreenderam, mas também doaram terrenos para a construção de instituições fundamentais como o Hospital São José, o Colégio São Luís, o Colégio Divina Providência e a Paróquia São Sebastião. Essas doações moldaram o cenário urbano e social da cidade, permitindo que gerações tivessem acesso à saúde, educação e fé.
Empresas como a WEG, Duas Rodas e Urbano Alimentos não apenas impulsionaram o desenvolvimento econômico de Jaraguá do Sul, mas também contribuíram com projetos sociais, culturais e educacionais. A WEG, por exemplo, mantém o Museu de Ciência e Tecnologia.
A Duas Rodas, que este ano completa um século de história, investe em ações de responsabilidade social e apoio à cultura. A Urbano, referência nacional em alimentos, também participa de iniciativas voltadas à educação e ao bem-estar da comunidade.
A generosidade jaraguaense também se manifesta de forma comovente nos momentos de crise. Durante as grandes enchentes que marcaram a história da cidade — como as de 2008, 2011, 2014 e 2024 — a população se uniu em mutirões de ajuda, abrigando famílias desalojadas, doando alimentos, roupas e materiais de limpeza, e participando ativamente da reconstrução das áreas afetadas. Ações como os mutirões de limpeza dos rios, organizados por voluntários e entidades como o Clube de Canoagem Kentucky, a Defesa Civil e o Samae, são exemplos concretos desse espírito coletivo.
Mais recentemente, a solidariedade jaraguaense ultrapassou fronteiras. Em 2024, diante da tragédia climática no Rio Grande do Sul, Jaraguá do Sul mobilizou sua população e enviou mais de 250 toneladas de donativos às vítimas das enchentes. A campanha envolveu escolas, empresas, igrejas, supermercados e voluntários de todas as idades, mostrando que a generosidade local não conhece limites geográficos.
Jaraguá do Sul é, portanto, uma cidade que se orgulha de sua capacidade de acolher, de ajudar e de retribuir. A generosidade, aqui, não é apenas um valor, é uma prática cotidiana que atravessa gerações e fortalece a esperança de um futuro mais justo, humano e solidário.
“A generosidade cria um ambiente onde as pessoas se sentem seguras, valorizadas e felizes.”
Ao percorrer as páginas deste caderno, percebemos que em Jaraguá do Sul, a felicidade não é apenas um ideal, mas uma construção coletiva, feita de cuidado com as pessoas, partilha entre vizinhos e generosidade que atravessa gerações.
Ao longo de sua história, Jaraguá do Sul construiu um modelo de desenvolvimento que valoriza o bem-estar psicológico de sua população, investe com seriedade na saúde e na educação, promove o uso equilibrado do tempo com espaços de lazer e convivência, fortalece a vitalidade comunitária por meio de tradições e associações e preserva sua cultura e seu meio ambiente, garantindo um padrão de vida digno.
Esses são os pilares da Felicidade Interna Bruta, e, aqui, eles não são apenas conceitos: são vividos, sentidos e cultivados todos os dias. Estão nas escolas que formam cidadãos conscientes, nos parques que acolhem famílias, nas pontes que conectam histórias, nas mãos que se estendem em tempos difíceis e nos sorrisos que se multiplicam nas ruas.
Hoje, celebramos os 149 anos de Jaraguá do Sul, tendo-a como um exemplo de que é possível crescer com equilíbrio, prosperar com responsabilidade e viver com propósito. Como uma cidade que honra suas raízes, valoriza sua gente e olha para o futuro com coragem e sensibilidade. Que este aniversário seja mais do que uma celebração: seja um convite para continuarmos construindo, juntos, uma cidade que, acima de tudo, escolheu ser feliz. E que, ao fazer essa escolha, inspira outras a seguirem o mesmo caminho.
Parabéns, Jaraguá do Sul. Que os próximos anos sejam tão luminosos quanto os valores que te sustentam.
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