O Rio da Luz como símbolo nacional: Jaraguá do Sul e Pomerode no mapa do patrimônio. Participe do nosso grupo de WhatsApp e acompanhe as principais notícias do País. Acesse: www.observamais.com.br
O reconhecimento do Conjunto Rural de Rio da Luz como patrimônio cultural brasileiro marca um divisor de águas para Jaraguá do Sul, Pomerode e seu entorno. Este texto analisa a importância da política pública de tombamento na preservação de paisagens, saberes e modos de vida herdados da imigração germânica. Ao mapear e proteger esse território, o Estado valoriza não apenas a arquitetura, mas o sentimento de pertencimento das comunidades. Trata-se de uma ação estratégica que articula memória, identidade e desenvolvimento sustentável. Um olhar sobre o passado que fortalece o futuro.
A política pública de mapeamento, tombamento e regulamentação da preservação de conjuntos históricos e paisagens culturais, como estabelecida pela Portaria nº 69/2013 do IPHAN, representa uma ação estratégica de valorização do território e de sua população. Para comunidades como as de Jaraguá do Sul e Pomerode, que têm raízes profundas na imigração germânica (alemã e pomerana), esse tipo de política atua em várias frentes fundamentais:
1.Reconhecimento oficial do patrimônio cultural
O tombamento federal do Conjunto Rural de Rio da Luz confere reconhecimento institucional à herança cultural teuto-brasileira, tratando-a como parte integrante do patrimônio nacional brasileiro. Isso contribui para fortalecer o orgulho das comunidades locais quanto à sua história, tradições, arquitetura, idioma e modo de vida.
2.Fortalecimento do sentimento de pertencimento
Ao proteger elementos como casas enxaimel, igrejas luteranas, sociedades de tiro (schützenverein), paisagens agrícolas e festas típicas, a política preserva símbolos e espaços que mantêm viva a memória coletiva. Isso reforça o sentimento de identidade e continuidade cultural, particularmente importante para comunidades descendentes de imigrantes, que veem seu legado reconhecido como relevante para todo o país.

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3.Educação patrimonial e transmissão geracional
A regulamentação do uso e da transformação das paisagens tradicionais favorece projetos educativos e ações culturais, que promovem a transmissão de saberes entre gerações — como a construção com técnicas tradicionais, o idioma alemão, ou plattdeutsch, a gastronomia e os festejos típicos. Isso ajuda a prevenir o apagamento cultural e a estimular o envolvimento dos jovens com suas raízes.
4.Desenvolvimento territorial com identidade
A política evita que a urbanização destrua a lógica rural original, promovendo um desenvolvimento equilibrado, que respeite os traços culturais locais. Isso qualifica o território para receber investimentos públicos e privados voltados ao turismo, à agricultura familiar, ao artesanato e à gastronomia de origem, gerando renda com base na singularidade cultural do lugar.
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5.Turismo de base comunitária e economia criativa
Com paisagens preservadas, arquitetura típica e tradições vivas, os municípios de Pomerode e Jaraguá do Sul tornam-se destinos estratégicos do turismo cultural e rural, atraindo visitantes em busca de experiências autênticas. A política pública atua como base para criar rotas temáticas, museus de território, festas típicas, hospedagens familiares, feiras de produtos coloniais e vivências culturais, dinamizando a economia local.
6.Integração e cooperação regional
Ao mapear e regulamentar os bens culturais da região, a política permite a integração entre municípios vizinhos que compartilham uma mesma herança, como Schroeder, Corupá, Blumenau e São Bento do Sul. Isso facilita ações conjuntas de preservação, promoção turística e intercâmbio cultural, consolidando um cinturão do patrimônio teuto-brasileiro em Santa Catarina.
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Considerações finais
O Conjunto Rural de Rio da Luz não é apenas um território físico, mas um repositório vivo de memória, cultura e paisagem. Sua importância patrimonial e paisagística ultrapassa os limites de Jaraguá do Sul, tornando-se referência para Santa Catarina e para o Brasil na preservação da identidade teuto-brasileira e pomerana. Para as novas gerações, esse patrimônio oferece uma base sólida de pertencimento e consciência histórica, ao mesmo tempo em que inspira práticas sustentáveis, respeitosas e criativas para o futuro.
Para o município, trata-se de um símbolo de origem e continuidade, que fortalece o turismo de base comunitária, a educação patrimonial e o planejamento urbano com identidade. Para o Estado, é parte de um mosaico cultural plural e diverso, essencial para compreender os processos de formação social e territorial catarinenses. E para o país, representa a valorização das contribuições dos povos imigrantes na construção do patrimônio cultural brasileiro.
Preservar o Conjunto Rural de Rio da Luz é, portanto, mais do que proteger edificações ou delimitar paisagens: é garantir que a história continue sendo contada, vivida e celebrada, por quem a herdou — e por quem ainda a descobrirá.
Ademir Pfiffer – Historiador, para o Jornal do Vale do Itapocu e Portal Observamais
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