No coração da Rodovia SC-110, entre memórias familiares e tradições centenárias, a Sociedade Aliança torna-se palco de uma vibrante celebração da cultura teuto-brasileira. O evento, marcado por simbolismos, música, rituais e sabores típicos, reafirma o legado deixado por pomeranos e alemães que moldaram a identidade da comunidade local.
Pomeranos e alemães em festa
Entre rainhas coroadas, marchas cerimoniais e um café colonial de época, revive-se o orgulho de pertencer a uma história viva, enraizada na fé, na festa e na herança cultural compartilhada.
Localizada em meio a propriedades de minifúndio voltadas à subsistência, a Sociedade Aliança está inserida em um território marcado por uma forte presença cultural e comunitária. Em sua vizinhança, destacam-se patrimônios históricos e sociais como a EEB Professor João Romário Moreira e o conjunto luterano – formado pelo templo, cemitério, casa paroquial e salão comunitário. Esse contexto revela não apenas o espaço físico, mas também a identidade e o pertencimento cultural da entidade.
No dia 26 de abril de 2025, sábado, às 14h, foi realizada com entusiasmo a tradicional Festa da Rainha de disputa na Plataforma da Peca, uma jogatina simbólica e estratégica, introduzida no Departamento Feminino com o propósito de integrar diferentes gerações de associadas, especialmente aquelas que não praticam o tradicional tiro ao alvo.
Pomeranos e alemães em festa
O evento foi iniciado com palavras de acolhimento proferidas pelo presidente da entidade, Waldino Hornburg, acompanhado pela presidente do Departamento Feminino, Verônica Konell, que agradeceu a presença das associadas e compartilhou avisos paroquianos, reforçando o vínculo entre tradição, fé e cultura.
A celebração teve como grande destaque a coroação de Lenir Strutz Steinert como Rainha da Plataforma da Peca, conquistando seu primeiro título no outono de 2024. Lenir é herdeira legítima de uma linhagem profundamente enraizada na cultura germânica local. Sua família, representada pelo pai Hilberto Strutz (in memoriam), ativo na tesouraria e nas festas de Tiro Rei, e pela mãe Ruth (in memoriam), igualmente envolvida nas tradições da entidade, mantém viva a memória e a contribuição para o patrimônio imaterial teuto-brasileiro.
Ao lado da rainha, foram também homenageadas: Lourdes Rux, como 1ª princesa, mulher de trajetória marcante nas tradições germânicas, detentora de diversos títulos de rainha e princesa. Também Lidia Stenger, como 2ª princesa, figura discreta, porém constante nas atividades da “família azul”, sempre atuando como colaboradora e defensora da herança cultural.
A trilha sonora do evento ficou ao encargo da emblemática Banda GBD, da Estrada Garibaldi, que encantou os presentes com sua sonoridade característica. Instrumentos de sopro como trompetes e trombones, somados ao acordeom, embalaram o ambiente com polcas, marchas e valsas germânicas, mescladas a canções do folclore nacional, evocando emoções e memórias coletivas.
Em tom profundamente afetivo, Vivian Strutz Giese, irmã da rainha, assumiu o papel de oradora, emocionando o público com reflexões que entrelaçaram passado e presente. Logo após, sob a condução cerimonial de Venir Hornburg Steinert, filha de expedicionário, foi realizado a tradicional ritualística folclórica de busca de majestades. O cortejo partiu da sede social e percorreu os arredores em clima de festa e pertencimento. Vestidos com seus uniformes tradicionais, as participantes reafirmaram o elo centenário da comunidade com a tradição germânica.
Encerrando a tarde com sabor e aconchego, o café colonial organizado pela equipe de Katia Rassweiler Voelz ofereceu uma seleção primorosa de iguarias típicas. Entre elas, pães empastados como wusch, broth hering e kochäse, além de cucas e bolos variados, resgatando sabores que atravessam gerações.
A celebração realizada na Sociedade Aliança transcende o caráter de um simples evento social — ela se firma como um ato de resistência cultural, de memória viva e de pertencimento coletivo. Ao reunir gerações em torno de símbolos, sabores e sons que atravessam o tempo, a comunidade reafirma sua identidade teuto-brasileira com orgulho e emoção.
Cada gesto, cada melodia, cada traje típico e cada receita compartilhada expressam mais do que tradição: revelam a força de um povo que honra seus antepassados e projeta seus valores para o futuro. Assim, pomeranos e alemães, em sua expressão brasileira, seguem celebrando a vida com a dignidade de quem reconhece no passado o alicerce de sua continuidade.
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